O poder de não produzir

Artigo publicado em: Dec 17, 2023
O poder de não produzir
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Por Catarina Weck Glashester

 

Esses dias li um texto que falava sobre hobbies. A matéria apontava que não sabemos maisresponder à pergunta: “O que você faz no seu tempo livre?”. A resposta mais provável seria:que tempo livre? 

 

Estamos vivendo na era da produtividade. É verdade que, por um lado, estamos começandoa nadar contra essa corrente, buscando uma reconexão com a essência das coisas. Já por outro lado, a ansiedade, um dos grandes males do século XXI, nos atormenta a cada momento em que não somos produtivos. 

 
 

Sabemos como é bom concluir todos os afazeres do dia. Terminar o dia realizado por ter feito algo de útil para si e para os outros, alcançar algo através da produtividade. Assim que li o texto sobre hobbies, me dei conta da falta que fazia na minha rotina ter algo em que eu não precisasse ser boa. Simples assim. 

 

Claro que eu quero ser boa nas coisas que eu faço, mas percebi o abismo que existe entre oquerer e o precisar, ainda mais nesse caso, saca? Resolvi começar a surfar.

 

Convenci uma amiga. Uma companheira gaúcha na jornada de morar sozinha no Rio deJaneiro aos 20 e poucos anos. Não muito difícil de convencê-la, por também ser umadesbravadora, achou uma boa ideia de primeira. 

 

Lá fomos nós para a primeira aula. Chegamos nervosas, óbvio, já nos cobrando antecipadamente de que tínhamos que fazer um bom trabalho, por nenhum motivo além danossa própria consciência. Fizemos aquela aulinha teórica ainda na praia, remamos na areia e depois de umas 4 subidas na prancha, nos fomos para a água. O cantinho onde ficam as escolas é bem cheio de iniciantes e as ondas costumam ser mais baixinhas, ideal para aprender. Às vezes as aulas são dadas na praia ao lado, dependendo das condições da marée do vento do dia. Aquela manhã de sábado estava linda, as cores do mar e do céu inacreditáveis, água transparente. Só se escutava o barulho das ondas e das crianças brincando na praia.

 

  E fomos para a primeira onda. Tombo direto, assim como a segunda e a terceira. Depoisde cada onda, voltava remando, sem pressa e esperava conversando com os outros alunos aminha vez de ser empurrada na próxima marolinha do Arpoador.

 

Na quarta vez, fiquei em pé na onda por no máximo 3 segundos. Foi o suficiente pra me fazer não querer parar mais. Não me entenda errado, faço as aulas há apenas alguns meses, mas não tem sensação que se equipare com a de aprender algo novo. Comemorar cada pequena vitória (como ficar em pé na prancha) e se dedicar a algo sem esperar nada em troca além daquele prazer momentâneo de 3 segundos. 

 
 

Passados os 40 minutos da aula, saímos da água e caminhamos pelo calçadão. Compramos uns colares de uma barraquinha dali, almoçamos na beira da praia, caminhamos por Ipanema, entramos em lojinhas, comemos sorvete artesanal, pegamos Sol, tomamos água de coco e conversamos por horas.

 

Eu não tenho nenhuma vontade de ser boa no surf. Quanto maior a prancha e mais baixo omar, menos esforço eu preciso para me divertir. Preciso confessar que há tempos não mesentia tão leve. 

 

Voltamos para a segunda aula já no outro dia.

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