O poder das palavras e do encontro com você mesma

Artigo publicado em: 7 de out. de 2022
O poder das palavras e do encontro com você mesma
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Por Maria Eduarda Ilha

Quando se está em um período sabático, até um simples texto de apresentação se torna uma oportunidade de mergulho interno

Escrever um texto de apresentação pode parecer uma tarefa simples, mas me peguei encarando essa página em brancopor um longo tempo. Tenho tido cada vez mais cautela nas palavras que escolho utilizar, principalmente, quando dizem respeito a algo tão profundo quanto a minha autoimagem e o meu encontro comigo mesma.

 

Enquanto seres humanos vivendo em uma sociedade pós-moderna, estamos a todo momento buscando definições.Desde crianças, nos perguntam o que gostaríamos de ser quando crescermos; essa pergunta supostamente tão banal é só o primeiro de muitos questionamentos externos que nos são impostos prematuramente; sempre acompanhados de expectativas de respostas prontas e seguras.

 

Por muito tempo, minha resposta foi “advogada”. Quando me perguntavam quem eu era, automaticamente respondia, Eu Sou advogada. Mulher; carioca; 26 anos; advogada. De tanto repetir, internalizei; me apeguei ao conforto do contorno delineado por essas palavras. Até o momento em que a zona de conforto começou a se tornar desconfortável e novos questionamentos começaram a brotar de dentro de mim.

 
 

Quando me dei conta, estava planejando tirar um período sabático. Queria descobrir quem era a pessoa por trás de todas essas respostas prontas. Saí do meu emprego, entreguei o meu apartamento e decidi viajar com uma mochila de 50 litros nas costas. Senti dentro de mim um pulsar; uma urgência em me conectar com realidades diferentes da que eu sempre vivi; com pessoas, culturas e experiências novas, que pudessem me mostrar um pouco mais do mundo e, por reflexo, de mim mesma.

 

Prestes a completar seis meses de sabático e mais de dois meses viajando pelo Brasil, ainda me surpreendo com a potência que é ter escolhido desacelerar para questionar as escolhas até então feitas. Esse período sabático tem sido um convite para desapegar de todas as expectativas, incluindo as que eu mesma construí sobre colocar o pé na estrada e viajar sozinha.

 
 

Tenho me nutrido e vivido intensamente. A todo momento, me pego desenhando formas de transbordar o que sinto e, de quebra, me conectar com as pessoas que eu amo. Cada vez mais entendo que a vida segue seu próprio ritmo e que cabe a cada um de nós construir momentos de qualidade, troca, conexão e amor. E por isso, recentemente criei a newsletter “Diário de Bordo”. Em meu primeiro texto, fiz um pequeno alerta aos que se sentiram compelidos a assinar:

 

Esse diário de bordo é um sonho novo que germinou dentro de mim; uma newsletter com devaneios, entregas, transbordares de alma e um convite para seguirmos navegando juntos. Não prometo linearidade ou travessias sempre tranquilas; o mar aqui dentro também sabe ser tormenta. Seja pela calmaria do entendimento; seja pelo desconforto do crescimento; Navegar é preciso.”

Essa newsletter tem sido um projeto de escrita terapêutica e de experimentação. Escrevo quando sinto que tenho algo a dizer; ou quando sinto que preciso de um momento de pausa para assimilar a intensidade da jornada. Escrevo para me conectar, comigo e com os que se abrem para refletir e compartilhar. Escrevo para despertar inspiração e magia.

 
É preciso cultivar a leveza para sustentar o peso dos questionamentos que surgem a partir da reconexão. Até agora, eu vivi ou sobrevivi? O que é natural: produzir e consumir ou sentir, existir e vicejar? A minha relação com a natureza é simbiótica ou parasitária? E a minha relação com o meu corpo? E a minha relação com os outros? E a minha relação com o divino?
 
 

Tenho percebido que toda essa magia acontece a partir do sentir. Ao me abrir para o sentir, desapego do reprimir. Entendo que para acessar com clareza níveis mais profundos de entendimento e experimentação, preciso estar disposta a mergulhar no medo, na dor, na alegria, no amor... e na fé, principalmente na fé. Fé de que a vida pode nos presentear com as respostas que tanto buscamos se estivermos dispostos a sermos vulneráveis.

 

Escrever um texto de apresentação pode parecer uma tarefa simples, mas me peguei encarando essa página - que agora contém um pouco de mim, por um longo tempo. E no momento presente, quando me perguntam quem eu sou, com presença respondo:

 
Eu Sou movimento. Eu me permito expandir, crescer, contrair, ocupar o meu corpo, meu espaço, minha voz. Me abro pra vida celebrando o universo que há em mim. Assim sendo; Ocupando; A natureza de que se está; E é. E te convido a fazer o mesmo.
 

Vamos juntos?

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